Sobre folhas de lótus escrevi
As letras do teu nome, meu amor,
Naquelas folhas que a sorrir colhi
Ao debruçar-me sobre o lago em flor.
Sobre folhas de lótus desenhei
O mais risonho trecho da cidade;
E esse leve desenho que tracei
Dir-se-ia uma paisagem feita em jade.
O teu nome mais belo se fizera
No relevo das letras bem gravadas.
A paisagem lembrava primavera
Sobre o verde das folhas espalmadas.
Apertei-as de encontro ao coração.
Senti meu peito como flor a abrir…
E todo o Oriente feérico e pagão,
Sobre folhas de lótus vi surgir.
Ah! Se eu pudesse, como outrora, ao luar,
Por esses lagos nos jardins dispersos,
Ir as folhas de lótus apanhar
Para sobre elas escrever meus versos,
Essas folhas de estranha singeleza
Dariam á poesia outro valor,
E eu realizava um sonho de beleza:
Um livro cheio de perfume e cor.
On lotus leaves, I wrote
The letters of your name, my love,
On those leaves, I plucked smiling
As I lingered over the lake in bloom.
On lotus leaves, I drew
The liveliest stretch of the city;
And in this faint drawing, I seemingly
Traced a landscape made of jade.
Yours is the most beautiful name I’ve ever done:
In the inked relief of finely formed letters.
The landscape evoked spring
On the green of the smooth leaves.
I pressed them to my heart.
My chest felt like a flower opening…
And all the dreamy and pagan East,
On lotus leaves, appeared before me.
Ah! If I could, as once before, in the moon’s light,
By these lakes in scattered gardens,
Go gather up lotus leaves
Upon which to write my verses,
These leaves of odd simplicity
Would give poetry something else,
And I fulfilled a dream of beauty:
A book filled with perfume and color.