Vão caindo, o dia inteiro,
Florinhas do pessegueiro,
Que perfumam os caminhos,
Nas torres e nos beirais,
Em gorjeios virginais,
As aves tecem os ninhos.
Há rebentos cor de jade
Nas arvores, mocidade
No sorriso das mulheres,
Nos prados e nos jardins
Há lilases e jasmins,
Braçadas de malmequeres.
Há trinados e cancões,
Madrigais e ilusões
Espalhadas pelo ar…
Há doirados girassóis;
E, de noite, rouxinóis
No Arvoredo a cantar.
É primavera nas almas,
Nas tardes lentas e calmas,
No desabrochar das flores,
Nos crepúsculos tão suaves,
No doce aninhar das aves,
No renascer dos amores.
Naqueles dois namorados,
Que vão juntos, enlaçados,
Pelas estrada, a caminhar,
Há primavera, há encanto,
No seu enleio e quebranto,
No seu rir, no seu olhar…
Vai uma nuvem fugindo
Pelo céu azul enfiado,
Ligeira como a quimera…
E até na nuvem que passa,
Na andorinha que esvoaça,
Eu sinto que há primavera!
They fall, all day long,
Peach blossoms,
Perfuming the paths,
In the towers and eaves,
In virginal warbles,
Birds weave their nests.
There are jade shoots
in the trees, youth
In the smile of women,
In the meadows and gardens
There are lilacs and jasmines,
Marigold armfuls.
There are trills and songs,
Madrigals and illusions
Scattered through the air…
There are golden sunflowers;
And at night, nightingales
In the Grove singing.
It is Spring in souls,
On slow, calm afternoons,
In the bloom of flowers,
In such soft twilights,
In the sweet nesting of birds,
In the rebirth of loves.
In those two lovers,
That go together, entwined,
On the road, walking,
There is Spring, there is enchantment,
In its entanglement and languor,
In its laugh, in the gaze…
There goes a cloud running away
Slipping across the blue sky,
Light as the chimera…
And even in the passing cloud,
In the swallow fluttering by,
I feel it must be Spring!